segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Jornalista, ele começou na blogosfera como muitos, após ser demitido. Cláudio Nunes viu que dava para reportar sem estar preso a uma redação.

Após entrevistar os jornalistas Susane Vidal, Fredson Navarro (jornalistas em Sergipe) e David Coimbra (jornalista no Rio Grande do Sul), o Isca do Jornalista entrevista com o jornalista Cláudio Nunes.
Polêmico, ele conta como desde de 2006 atualiza seu espaço na internet.

1 - Como surgiu a ideia de criar um blog?
Em 2006, após ser demitido pela primeira vez na minha carreia profissional, no Jornal do Dia, onde a coluna que escrevi estava repercutindo mais do que a coluna que deveria ser a “principal”. Passei por vários jornais e a TV Sergipe e pedi demissão de todos. Neste período ainda estava no comando da assessoria da Câmara de Aracaju e o jornalista Ivan Valença fez o convite para iniciar o blog na Infonet. Pensei um pouco e vi que pelo menos lá não sofreria censura ou teria um texto retirado da coluna. Comecei em 15 de maio de 2006 e o sucesso foi tanto, principalmente durante a campanha eleitoral, onde vários veículos não noticiavam alguns assuntos políticos, que em dezembro lancei um livro com os melhores textos do ano. De lá para cá recebi convite para retornar para um jornal diário, mas recusei. Se retornar a um jornal diário não abrirei mão do blog. Nestes cinco anos na Infonet nunca sofri qualquer tipo de censura.

2 - Você vive do blog?
Há dois anos abri mão de trabalhar em assessorias de comunicação. A última foi a da Câmara de Aracaju. Sempre recebo convites para assumir cargos, mas optei pelo fortalecimento do blog na Infonet, já que, mesmo com o sacrifício profissional, o retorno financeiro é satisfatório. Passei bom tempo da minha carreira a maioria dos anos trabalhando em três locais. Era uma correria diária com o sacrifício da família (as vezes só via os filhos aos finais de semana). Consegui conquistar o espaço com muita luta e trabalho. Tenho uma pessoa para selecionar os e-mails que recebo (são muitos diariamente). Essa filtragem ajuda muito no trabalho final. Tenho um compromisso profissional em Salvador, desde 2010, numa grande agência de publicidade. A vantagem da Internet ajuda muito no trabalho. Você escreve e atualiza o blog de qualquer local. Começo a escrever no final da tarde. Pela manhã, logo cedo, às 4hs, dou uma lida nos principais jornais do país e faço a atualização da coluna. Se demorar para inserir a coluna na rede recebo, por e-mail, reclamação de alguns leitores.

3 - Você já trabalhou em diversos meios de comunicação, o que difere do seu trabalho no blog?
Sem duvida nenhuma a interação com o leitor. Tem leitor que “conversa” diariamente através de e-mail. Sugere, envia textos e critica quando não falo de determinado assunto. A cobrança do leitor é diária. Quando comecei abrir logo o espaço “Do Leitor”, acho que foi importante para aumentar a interação. Não é como o jornal, que em outro dia ninguém fala mais nada. Na Internet muitas vezes algo que escrevi há uma semana continua repercutindo entre os leitores. Nada supera a Internet na área de disseminação de conhecimento e interação.

4 - Notícias com comentários já lhe renderam algum problema?
Por conta da divulgação e análise da Operação Navalha foram muitos processos. Ainda bem que ganhei a maioria, mas quando você perde, quando mexe no bolso é complicado. Por conta do espaço “Do Leitor”, tive alguns processos judiciais porque assumi a responsabilidade dos textos. Não posso quebrar essa fidelidade com o leitor que é minha principal “fonte” de informação. Mas nada fará que mude o perfil do blog:
interação constante, transparência e total abertura do espaço.

5 - Qual sua inspiração ao produzir diariamente o blog?
Não é apenas o compromisso com o leitor. Tem uma frase de Confúcio que resume o meu trabalho que fiz questão de citar no meu livro: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”. Não encaro acordar logo cedo, de madrugada, dá uma lida nas noticiais dos principais jornais do país e depois botar o blog na rede como trabalho. Sempre deixo claro para os leitores que é um blog opinativo. É a opinião minha dos diversos fatos, principalmente políticos, que acontecem em Sergipe. No final de 2006, no lançamento do livro, vendi cerca de 300 livros no dia. O gratificante foi que lá estavam dezenas de pessoas que não conhecia. Eram leitores de todas as faixas de idade. Isso faz manter não só a inspiração, mas a certeza que estou no caminho certo.

6 - Na novela da Globo: Insensato Coração, havia um personagem de Cássio Gabus, que era jornalista blogueiro, você se viu no personagem?
Não, raramente assisto alguma novela, não apenas pelo tempo, mas porque opto pela leitura. A última que assisti alguns capítulos, principalmente pelas imagens de Sergipe, foi Cordel Encantado.

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