sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Produtor: Alô!

Candidato a ser pauta: Aqui é Fulano de Assis, tenho uma sugestão de pauta para vocês.

Produtor, que esta louco por uma pauta: Opa! O que o senhor manda?

Candidato empolgado: Meu filho foi campão do mundial de gude no final de semana passada.

Produtor, agora confuso: Campeão mundial de quê?

Candidato, puto com o desconhecimento do produtor: Gude meu filho. Aquelas bolinhas pequenas que a gente coloca nos buracos. Meu filho foi campeão mundial de gude.

Produtor, querendo de volta o respeito do candidato a pauta: Que legal! Não sabia que tinha torneio mundial de gude. Onde foi isso?

Candidato a ser pauta: Foi aqui no bairro da Muriçoca. Foram mais de cem competidores.

Produtor, ainda surpreso: E quantos países participaram?

Candidato a ser pauta: Nesta primeira edição só o Brasil.

Produtor, doido para tirar onda com o candidato: E porque Campeonato Mundial se só o Brasil participou? Teve atletas de outros Estados pelo menos?

Candidato, vendo que sua sugestão não vai dar certo: Só foram atletas daqui da cidade. É o primeiro mundial e é assim mesmo. Você já ouviu falar em outro torneio de gude?

Produtor, com uma solução: Vamos fazer o seguinte, nós vamos entrevistar seu filho, mas teremos que mudar o nome do torneio para Municipal Cup de Gude. Certo?

O agora pauta: certo!

E assim, o produtor criou mais uma pauta, deixou o repórter mais puto da vida e o pautado ganhou uma mídia.

Infelizmente é assim que os repórteres acham que a gente produz as matérias deles. E não é bem assim.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Já escrevi aqui no Isca do Jornalista sobre a relação entre produtor e repórter (veja aqui e aqui). Neste mês de setembro senti na pele o que é ser um produtor de televisão. Mais precisamente para o Globo Esporte da TV Sergipe. É a função mais ingrata do jornalismo, acredite!

Ninguém parabeniza um produtor quando uma reportagem sai benfeita. Poucos sabem o que estes seres ouvem quando um entrevistado atrasa um milésimo de segundo. Quase ninguém enxerga os olhares ferozes quando os seres superiores (repórteres) não gostam da pauta.

Mas descobri que não são só os repórteres os que castigam as mentes dos produtores. Os pautados não ficam atrás. Por exemplo, a gente marca a entrevista para ser às 14h, na Praça João Paulo II,  em frente à igreja. O cidadão chega às 14h30 e fica esperando em frente à padaria. Quem leva chumbo? E quando não aceitam o foco da matéria? As orelhas esquentam.

Ao contrário do que pensava, porém, produtor, repórter e os pautados não são inimigos. São colegas que buscam a mesma coisa: a boa reportagem. Inimigo mesmo é uma senhora que sempre está do outro lado da linha e diz: 'este número está fora de área ou desligado. Tente mais tarde'. Os produtores 'pira' quando ela aparece.

A experiência foi ótima. Minha gratidão a Palloma Vasconcelos que sofre há um bom tempo e ama a profissão. Que o estagiário, Felipe de Pádua, leve na esportiva os desafios desta função.

Amanhã, demonstro como os repórteres imaginam nosso trabalho.
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