domingo, 20 de janeiro de 2013


Quando o artigo entrar no ar nesse blog, será o exato momento em que era dado como morto Manoel dos Santos, o Mané Garrincha. Neste exato momento, 6h da manhã, estarei fazendo o que faço todos os domingos neste horário: jogando bola com os amigos e envergonhando Garrincha.

Não sou da geração do Mané. Aliás, ele faleceu oito meses antes de eu nascer. Quanto ao futebol, fico satisfeito em acertar um passe e dominar com precisão a bola. Mas meu pai não. Para meu velho, futebol é o que Garrincha praticava. Se for para escolher, ele vai preferir ver um drible desconcertante do que um gol.

Lendo sua biografia, fiquei surpreso que Mané Garrincha não se apresentou em Sergipe, onde moro. Os cartolas locais já eram despreparados desde aquela época.
Por outro lado, ele esteve em minha cidade natal: Itabuna, Bahia, pelo menos três vezes. No dia três de março de 1956 para derrotar nosso freguês Colo Colo de Ilhéus; no dia seguinte venceu a seleção local por 2 a 1 e quase morreu no Príncipe Hotel no início da década de 80.
Quanto vencer o Colo Colo de Ilhéus com o seu Botafogo por 5 a 0, não tenho nada a declarar. Mas a vitória sobre a seleção de Itabuna por só 2 a 1 foi emblemática.
Todos diziam, com razão, que o placar seria de dois dígitos a favor dos cariocas. Como conta Cyro Mattos, no blog Cem Anos de Itabuna, Garrincha fez as honras no início com dois golaços, o último, como de costume, passando por toda a zaga e entrando com bola e tudo. Quando, de repente, começou a chover torrencialmente. Campos encharcados são verdadeiros tapetes para os pernas-de-pau, e o placar foi o magro: 2 a 1, com o gol de Zequinha Carmo para os donos da casa.

Já no final de vida, ele voltou a Itabuna, desta vez com o Milionários, time que reunia craques do passado. Como conta Ruy Castro, no seu livro: Estrela Solitária. O camisa sete estava no Príncipe Hotel, quando um grupo tentou derrubá-lo da janela, por conta do seu romance com Elza Soares. Mas este foi salvo pelo cantor Sérgio Reis, que também estava na cidade.
Quando escrevo sobre o Mané, me lembro de Cleomar Brandi. O mais sergipano de todos os baianos era um Garrincha das palavras e também bebia tanto quanto o carioca. Se vivo, completaria na última sexta-feira 67 anos.
Aos dois craques, um do futebol, outro das letras, minha humilde homenagem.

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